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Preço e Valor

Artigo Científico literário: Preço e Valor de Produtos e Serviços: Uma perspectiva contábil/financeira e econômica.

 

1 INTRODUÇÃO

 

Comprar é o ato humano de satisfazer uma necessidade ou desejo. Sempre que o produto ou serviço suprir uma necessidade trata-se de um item indispensável a sobrevivência. Caso seja para atender mero desejo é um requisito essencial ao bem-estar do indivíduo. Existem umas necessidades e desejos mais primordiais do que outros, uma vez que existem compras que não podemos deixar de efetuar, não só por gerar um sentimento de tristeza como também por questões da própria humanidade.

Um ponto de fundamental importância abordar é a questão do preço e valor. O preço é o valor monetário que custeará a aquisição do bem. O valor é o benefício gerado pelo produto na vida do cliente. O desembolso pecuniário paga os gastos proferidos na produção e venda. O valor é o significado que aquele bem tem para o cliente e isso é gratuito! Então podemos falar que o preço é visto sob uma perspectiva financeira e contábil, ao passo de que o valor sob uma ótica econômica.

Nesse trabalho será feito um comparativo entre essas duas visões, contábil-financeira e econômica. Começando pela pirâmide das necessidades de Maslow, cadeia de valor, os bens como objetos do Direito Civil, atividades econômicas dos empresários, fornecedor e consumidor no Direito do Consumidor, a logística e suas funções, o mercantilismo e mercado de bens e serviços na economia, títulos de crédito, avaliação de ativos e potencial de benefícios, perdas estimadas em crédito de liquidação duvidosa e perdas estimadas para ajuste dos bens do ativo ao valor de mercado, declaração do milênio da Organização das Nações Unidas – ONU e comportamento do consumidor na Visão de Kotler, Keller e Solomon. 

 

2 O VALOR DOS PRODUTOS E SERVIÇOS EM UMA ANÁLISE POR MASLOW

 

O psicólogo americano Abraham Maslow (1943), em seu artigo “ A theory of Human Motivacion (Teoria da Motivação Humana)" estruturou de forma racional as necessidades e desejos humanos. Em formato de pirâmide desenhou uma escala crescente dos graus de importância que se dá a compra de determinados produtos e serviços para o ser humano. No topo da pirâmide vem a auto-realização, em seguida a Autoestima, posteriormente as sociais, de segurança e básicas. De acordo com o autor as pessoas estabelecem relações de consumo dando prioridades as mais essenciais a sobrevivência. Fontenelle (2015, p. 08) explica que:

“Para melhor entender a pirâmide de Maslow, imagine que você acaba de pegar um ônibus do Rio da Janeiro até São Paulo. Após cerca de seis horas de viagem, você chega à capital paulista. Qual seria a primeira ação a ser tomada? Procurar um banheiro ou um local para realizar um lanche? Isso quer dizer que primeiro buscamos sanar as necessidades básicas. Depois você irá procurar um hotel ou se locomoverá até a casa de um amigo, ou seja, irá buscar segurança. O próximo passo é explorar a cidade, conhecer seus pontos turísticos, por exemplo, cuidando, assim, do aspecto social e obtendo a satisfação por meio da auto estima”.

Nesse sentido podemos ver que os produtos e serviços possuem um valor impagável na vida da humanidade, por aquilo que representam. São itens sem os quais não conseguiríamos viver. Além disso, segundo teóricos da atualidade o Mix de Marketing se ampliou anexando mais 4’Ps: Pessoas, Processo, Percepção e Packing (Embalagem). O que veio a solidificar ainda mais a concepção do valor gratuito que produtos e serviços simbolizam em nossa vida.

 

3 O VALOR DOS PRODUTOS E SERVIÇOS EM UMA ANÁLISE DE MICHAEL PORTER

 

Michael E. Porter (2005) em sua obra “Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústria e da concorrência” conceitua a cadeia de valor como uma ferramenta que mensura o significado atribuído a produtos e serviços pelos clientes e como as organizações podem agregar esses pressupostos abstratos e ganhar competitividade no mercado.

 



FONTE: Portal-Gestão

 

Temos que as atividades que apoiam a criação de valor são: infra-estrutura, gestão de recursos humanos, desenvolvimento tecnológico e aquisição/compras. E as atividades primárias que criam valor são: Logística de entrada, operações, logística de saída, marketing  e vendas e serviços. Cada uma delas com sua respectiva margem de contribuição para o sucesso do valor agregado aos produtos e serviços, organização e competitividade.

 

4 OS BENS DE CONSUMO COMO OBJETO DO DIREITO CIVIL EM UMA ANÁLISE DE CARVALHO, ROCKENBACK, SANTOS E BEZERRA

 

                Beviláqua citado pelos autores comenta que “Bens são valores materiais ou imateriais que servem de objeto a uma  relação jurídica”. Parafraseando, os autores relatam que sobre toda relação jurídica entre dois sujeitos tem por objeto um bem, sobre o qual recaem direitos e obrigações. Esse bem pode possuir um valor material, como dinheiro, um imóvel etc. Contudo, pode ter valor imaterial, como a honra, a vida privada, a intimidade, a liberdade, a consciência etc.

Assim podemos ver claramente na civilização regida pelo Direito os conceitos de preço e valor retratando, respectivamente, aquilo que é material e imaterial. Enfatizando também a importância do regramento da legislação interpondo essas relações de compra e venda, uma vez que muitas vezes ocorrem conflitos em detrimento de atos comerciais entre as partes.

 

5 O PREÇO EM UMA ANÁLISE DAS ATIVIDADES ECONÔMICAS DOS EMPRESÁRIOS NA VISÃO DO CÓDIGO CIVIL DE MIGUEL REALE

 

De acordo com o Código Civil (2002) em seu Art. 966 conceitua-se empresário como “considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou  circulação de bens ou serviços”. Desmembrando os conceitos temos que atividade econômica é a criação de riquezas por meio da produção e circulação de bens e serviços. A atividade organizada diz respeito a articulação  dos fatores de produção: capital, trabalho e tecnologia. E o profissionalismo que é a pessoalidade e habitualidade de agir em nome da empresa. Aqui vemos que o preço é fator preponderante. Embora se trate de uma organização do terceiro setor que possua incentivos de outra natureza, e não de fato uma empresa, as finanças são indispensáveis a sobrevivência. Então cobrar é um direito por excelência que faz parte do cotidiano de todas as organizações, ainda que sem fins lucrativos. Em contrapartida a outra parte da relação se jurídica se ver obrigada a cumprir com a prestação do preço e/ou valor.  

 

 

6 O DIREITO DO CONSUMIDOR E AS RELAÇÕES JURÍDICAS DE CONSUMO NA PERSPECTIVA DO CÓDIGO

 

 O Direito do Consumidor abrange o conjunto de regras que regulamentam a relação jurídica de consumo. As partes dessa relação são fornecedor e consumidor. O código de Defesa do Consumidor (CDC), instituído pela lei n. 8.078/1990 é a fonte principal dessas normas. O fornecedor é todo sujeito de direito que desenvolve atividade profissional de oferta de produtos ou serviços. O consumidor é toda pessoa física ou jurídica que usufrui de produto ou serviço.

 

7 A LOGÍSTICA E SUAS FUNÇÕES EM UMA ANÁLISE DE BIAZETTO, SILVA, BAROLLI E ALVES DA SILVA

 

Na página 127 os escritores comentam que “a palavra logística é de origem francesa, do verbo “alojar”. Era um termo militar que significava a arte de transportar, abastecer e alojar as tropas”.

Ballou (1993) citado pelos autores conceitua que “a logística estuda a maneira pela qual a administração pode melhorar o nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos consumidores, por meio do planejamento, organização e controle efetivo das atividades de movimentação e armazenagem, cujo objetivo é facilitar o fluxo de produtos, diminuindo o hiato entre a produção e a demanda, de modo que os consumidores tenham bens e serviços quando e onde quiserem, e na condição física que desejarem”. Os autores ainda colocam que as principais funções logísticas são serviço ao cliente, transporte, estoque e armazenagem. 

8 O MERCANTILISMO E OS PRODUTOS E SERVIÇOS NA ECONOMIA UMA ANÁLISE DE VASCONCELLOS E GARCIA

 

De acordo com Vasconcellos e Garcia (2009, p. 16) “a partir do século XVI observa-se o nascimento da primeira escola econômica: o mercantilismo. Apesar de não representar um conjunto técnico homogêneo, o mercantilismo tinha algumas preocupações explícitas sobre a acumulação de riquezas de uma nação”. Desde o início da atuação dessa escola o preço atingiu o seu auge como elemento indispensável para a intencionalidade de lucro e consequente riqueza. Isso é importante por causa do custo de oportunidade que é a margem de lucro e o custo contábil, gasto no processo produtivo. Para os autores na página 80 “a determinação do nível geral de preços e do nível agregado de produção está condicionada pela evolução do nível de demanda e oferta agregadas de bens e serviços. A demanda agregada depende fundamentalmente de evolução da demanda dos quatros grandes setores os agentes macroeconômicos: consumidores, empresas, governo e setor externo. Por outro lado a oferta ou produção agregada depende da evolução do nível de emprego e da capacidade instalada na economia”.

 

9 TÍTULOS DE CRÉDITO  NA VISÃO DE JR E MARION

O objeto da relação jurídica de consumo entre o credor e devedor é o título de crédito que está previsto no Código Civil. “O título de crédito pode ser ao portador ou nominativo. Ao portador: são caracterizados por não identificarem o seu credor, a pessoa beneficiada, são transmissíveis por mera tradição manual. O Código Civil trata desse assunto nos artigos 904 a 909. Nominativo: são aqueles títulos que identificam a pessoa beneficiada . Sua transferência pressupõe, além da existência física do título, a prática de outro ato jurídico que é o endosso ou a cessão civil de crédito . O Código Civil trata deste assunto nos artigos 921 a 926. O sacador é quem emite o título e o sacado quem efetua o pagamento (JÚNIOR E MARION  2010, p. 66).

Como exemplos de título de crédito temos cheques e duplicatas que contém o preço a ser pago. O auferimento de receita de caixa com o pagamento a título de crédito pela venda de um produto ou prestação de serviço é quem mantem viva as atividades organizacionais. Além disso, o fato do pagamento da obrigação torna o cliente  proprietário do bem.

 

10 VALOR DE ATIVOS E POTENCIAL BENEFÍCIOS POR MARION

                O Valor de um produto também está em seu preço. Aí está onde mora algumas controvérsias que fazem os conceitos se confundirem.

 “Se, mesmo numa pessoa física, um ser humano, que tem necessidades sociais, morais e de satisfação muito além das meramente materiais ou econômicas, é possível caracterizar, em sua aquisição de ativos, pelo menos em parte, a necessidade de poder contar com um potencial de serviços que, direta ou indiretamente, poderá vir a proporcionar a entrada de fluxos de caixa, ficando muito mais fácil caracterizar a qualidade do ativo numa entidade e, principalmente, numa empresa que opera para ter lucro. [...]Dinheiro é um ativo por excelência. Temporariamente, nos contentamos em ter ativos sob outra forma, a fim de, no futuro, termos mais dinheiro, que é, em última análise, o que interessa para os acionistas” (MARION 2016, p. 82-83). 

 

11 PERDAS EM CRÉDITO DE LIQUIDAÇÃO DUVIDOSA E AJUSTE DE MERCADO POR FAHL E MARION

Quando a empresa tem um cliente cujo estima-se que não tenha potencial para pagamento faz-se um ajuste contábil para liquidação citado na obra: Contabilidade Financeira de Fahl e Marion na página 231. E quando os bens são ajustados ao valor de mercado, muitas vezes por se tornarem obsoletos faz-se o procedimento mencionado pelos mesmo autores na página 232 da mesma obra. Tendo em vista essas duas perspectivas contábil-financeiras juntamente com as tributárias, tem-se que a socialidade da contabilidade possui incutida uma inexatidão e doação que reflete no conceito de valor. Fazendo com que o bem possa ser adquirido com descontos, brindes, promoções e outras ações de marketing que o empresário julgue necessário.

 

 

12 O MARKETING NA VIDA A LONGO PRAZO E NO CONSUMO NAS VISÕES DE ALMEIDA, KOTLER,  KELLER E SOLOMON

 

  No decorrer das citações pode-se perceber que o marketing está diretamente ligado as metas de vida da humanidade a longo prazo, através da satisfação de necessidades e desejos.

“A Organização das Nações Unidas – ONU nos anos 2000 aprovou uma lista de objetivos de desenvolvimento econômico, social e ambiental, batizada de Declaração do Milênio, o mundo vivia o clima de celebração e otimismo trazido pela virada do século e do milênio. [...]Foram oito objetivos estipulados: 1)Erradicar a miséria e a fome. 2)Universalizar o ensino básico. 3)Promover igualdade de gênero e autonomia das mulheres. 4)Reduzir  a mortalidade infantil. 5)Melhorar a saúde materna. 6)Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças. 7)Garantir a sustentabilidade ambiental. 8)Estabelecer uma parceria mundial para o desenvolvimento” (ALMEIDA 2009, p.39 a 41).

     A longevidade da espécie humana está diretamente ligada ao seu comportamento de consumo. E isso está relacionada também ao desenvolvimento sustentável. Para Kotler e Keller (2006, p. 172) “o campo do comportamento do consumidor estuda como as pessoas, grupos e organizações selecionam, compram e descartam artigos, serviços, ideias ou experiências para satisfazer suas necessidades e desejos”.

As compras do indivíduo fazem parte de sua vida e identidade por isso o conceito de preço e valor. Solomon (2011, p. 11) salienta:

“O comportamento do consumidor é um estudo que vai além do ato de comprar por si só, pois de acordo com o comportamento que o consumidor vai tendo ele vai moldando sua própria identidade. Uma das premissas mais modernas do campo do comportamento do consumidor é que muitas vezes as pessoas compram determinados produtos e/ou serviços não pelo que eles fazem mas pelo que eles significam. Ter e ser são tão importantes quanto comprar, senão mais. O fato de possuir certos produtos ou serviços afeta o estado de ser dos consumidores".

 

 

13  METODOLOGIA E CONCLUSÃO

A Pesquisa foi de revisão e exposição literária sobre o tema,  estabeleceu um diálogo conexo e fluído entre os autores, expondo pontos centrais para a compreensão do assunto. Trabalho que proporcionou uma visão técnica e profissional sobre as teorias em conceito superior ao analisado sob a ótica da administração. Sempre que dizemos qual o preço? Subtende-se que vai pagar tudo minunciosamente. E se perguntarmos qual o valor? Está implícito que há itens intangíveis incorporados aos elementos constituintes do produto ou serviço. Porém, em linguagem comum preço e valor são tratados como sinônimos. Mas cientificamente, conforme demonstrado, há diferenças ao seu trato.

 

14 BIBLIOGRAFIA

 

ALMEIDA, Fernando. Responsabilidade Social e Meio Ambiente: Os desafios da sustentabilidade. Rio de Janeiro – RJ: Elsevier, 2009.

 

BIAZETTO, Fabiana; SILVA, Fernanda Lourenço Esteves Correa da;  BAROLLI, Henrique Costa Val Gomid; SILVA, Mauro Alves. CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA: EDUCAÇÃO SEM FRONTEIRAS, Valinhos-SP: Anhanguera Publicações, 2009.

 

BALLOU, R.H. Logística empresarial. São Paulo: Atlas, 1993.

 

CARVALHO, Ivonete Melo de;  ROCKENBACK, Luciana Cristina; SANTOS, Luis Carlos Henrique dos;  BEZERRA, Regina Iara Ayub. CURSO SUPERIOR DE TECNOLOGIA: EDUCAÇÃO SEM FRONTEIRAS, Valinhos-SP: Anhanguera Publicações, 2009.

 

CÓDIGO CIVIL. Disponível em: <http://www.miguelreale.com.br/artigos/constcc.htm> Acesso em 17 de Set. 2020.

 

CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. Disponível em:  <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078compilado.htm> Acesso em 17 de Set. 2020.

 

FAHL, Alessandra Cristina; MARION, José Carlos de. Contabilidade Financeira. Valinhos-SP: Anhanguera Publicações, 2013.

 

FONTENELLE, Carolina Alves de. E-book : PRODUTOS, SERVIÇOS, MARCAS E EMBALAGENS. SÃO PAULO-SP: Laureate International Universities,  2015.

 

JR, Pedro Anan; MARION, José Carlos. DIREITO EMPRESARIAL E TRIBUTÁRIO. Campinas-SP: Editora Alínea, 2010.

 

KOTLER, Philip; KELLER, Kelvin Lane. Administração de Marketing: a Bíblia do Marketing. 12 ed. São Paulo: Ed. Prentice Hall, 2006.

 

MARION, José Carlos. Introdução à contabilidade: Com ênfase em teoria. Campinas-SP: Editora Alínea, 2016.

 

MASLOW, Abraham.  A theory of Human Motivacion (Teoria da Motivação Humana), 1943.

 

PORTER, Michael E.  Estratégia Competitiva: Técnicas para análise de indústria e da concorrência.  Editora : GEN Atlas; 1ª Edição (18 abril 2005) .

 

PORTAL GESTÃO. Disponível em: <https://www.portal-gestao.com/artigos/6991-o-modelo-de-cadeia-de-valor-de-michael-porter.html> Acesso em 17 de Set. 2020.

 

SOLOMON, Michael R. O comportamento do consumidor: Comprando, possuindo e sendo. 9. Ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.

 

VASCONCELLOS, Marco Antônio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez. ECONOMIA. valinhos-SP: Saraiva, 2009.


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Em: 17/09/2020

De: Diretora, Redatora de Consultas Sênior em Gestão, Pleno em Contábil e Júnior em Jurídica.

 

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